O Rapaz do Pijama às Riscas

Amizade... Traição... Morte
Palavras demasiado pesadas na vida de duas crianças de 9 anos de idade. Dois rapazes que vivem em mundos opostos, numa mesma época. O holocausto visto pelos seus olhos, desconhecedores da realidade que experimentam, do porquê de todos os males.
A vida de ambos é alterada incompreensivelmente, ambos choram, ambos sofrem, mas um sobrevive a uma realidade que o outro nunca conseguirá compreender.

Esta é a história de uma amizade impensável, apenas possível na idade em que ainda não se perdeu a inocência. Numa leitura que flui rapidamente revela-se uma intensidade emotiva aterradora.

Bruno é um rapaz alemão, cujo pai tem um emprego muito importante, o qual cumpre com excelência, de tal forma que o próprio «Fúria» jantou em sua casa certo dia, revelando os planos que tinha para o futuro do pai; O Fúria era mais baixo do que o pai e, achava Bruno, não tão forte. Tinha o cabelo escuro cortado muito curto e um bigodinho minúsculo - era de facto tão minúsculo que Bruno não percebia porque é que ele se dava ao trabalho de o ter...

O novo emprego do pai é fora de Berlim, o que obriga a uma mudança de casa. Mas Bruno não gostava de viver em «Acho-Vil», é um local isolado, sem nada para fazer, sem crianças para brincar. O que mais gostava de fazer era explorar e contrariando as ordens de seu pai, certo dia parte para o desconhecido e quando julgava não haver mesmo nada de interessante, vê o pontinho que se transformou numa pinta, que se transformou numa mancha, que se transformou num vulto, que se transformou num rapaz.

Os dois rapazes ficam amigos e têm longas conversas, separados apenas por uma vedação de arame; Todos os dias Bruno perguntava a Shmuel se podia passar por baixo da vedação para poderem brincar daquele lado, mas todos os dias Shmuel dizia que não, que não era boa ideia.
Falam das suas vidas e trocam experiências, cada um compreendendo o outro através de um processo de comparação com a sua própria realidade. Mas Bruno nunca entendeu a amplitude do horror, da atrocidade, da humilhação diária em que Shmuel sobrevivia, nunca soube o que era viver do outro lado da vedação; E ontem contou-me que ninguém sabe do avô, que ninguém o vê há alguns dias e que sempre que pergunta ao pai pelo avô ele começa a chorar e dá-lhe um abraço tão forte que ele fica com medo de morrer sufocado.

Há medida que a trama evolui, a inocência destas crianças vai sendo destruída pela verdade atroz, cruel, verdadeiramente, esmagadora; Bruno franziu o sobrolho e pôs-se a pensar em toda aquela gente de pijama às riscas, a imaginar o que se andaria a passar em Acho-Vil e se não seria um sítio indesejável, já que toda a gente parecia tão pouco saudável. Nada fazia sentido para ele.

Mais tarde, pela primeira vez, Bruno sente medo, horror e vontade de voltar para casa, quando finalmente percebe a diferença entre o que imaginou ser a vida daquelas pessoas de pijama às riscas e o que realmente era o seu dia-a-dia; O que havia era multidões sentadas em grupos mais pequenos, de olhos postos no chão, terrivelmente tristes...

Uma história sobre a amizade, a perda da inocência, a guerra e a morte. Uma história que lembra A vida é Bela; até quando se consegue esconder a verdade?
O Rapaz do Pijama às Riscas, venceu vários prémios literários e já tem a sua versão cinematográfica. Uma leitura para pais e filhos; o holocausto apresentado na perspectiva inocente de dois amigos de 9 anos, que não chegam a conhecer a verdade das suas histórias.